quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Banda ultralarga no Brasil emperra no fator 'preço', apontam operadoras

A banda ultralarga levará até 2015 para se tornar uma tecnologia massificada no Brasil, afirmou o executivo da empresa de consultoria em tecnologia Accenture, Henrique Washington, durante um dos painéis do congresso da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), em São Paulo, nesta quarta-feira (12/8).

“Hoje já temos dispositivos no mercado à venda para explorar a banda ultralarga, então, hardware não é mais o problema”, disse Washington. Para o executivo, a novidade enfrenta três implicações: tecnologia (saber qual delas irá vencer, entre Wimax, Docsis 3.0 e FTTH), regulação (como a que o Wimax enfrenta no Brasil) e dinheiro (investimento das operadoras).

“A ultra banda larga só vai ser atrativa quando tivermos uma alta oferta de serviços que exijam essa banda, como games mais complexos e interativos e vídeos sob demanda”, afirmou o executivo.

Para Washington, as operadoras se deparam atualmente com um grande questionamento. Se demoram para investir, outro poderá investir antes e a operadora corre o risco de perder o cliente. Se investir antes, pode ser precipitado demais e o mercado não estar preparado. “Com o início da oferta desses serviços (que exigem mais velocidade de conexão), as operadoras começam a entender que a banda ultralarga pode ser interessante como incremento de receita a médio ou longo prazo”, declarou.

O diretor de tecnologia da TVA/Telefônica, Virgílio Amaral, afirmou que antes de começar a vender sua banda larga de 30 Megabits por segundo (Mbps), a companhia realizou testes com centenas de usuários, oferecendo o serviço gratuitamente por três meses. “Todos disseram que gostaram da velocidade, mas 50% responderam que não sabiam o que fazer com ela”, disse o executivo.

Segundo Amaral, o serviço continua disponível para compra, mas a operadora optou por focar no desenvolvimento dos portais de conteúdo. “O preço máximo que as pessoas pagariam por banda larga atualmente está em torno de 100 reais, ou 120 reais. Logo, elas precisam valorizar o preço que elas vão pagar pela conexão de 30 Mbps e nós estamos agregando esse valor”, afirmou.

A única operadora do Brasil a oferecer banda larga de 100 Mbps, atualmente, é a GVT. O diretor de marketing da companhia, Ricardo Sanfelice, declarou que a operadora ainda tem uma oferta limitada de conteúdo, mas tem interesse em explorar parcerias nesse sentido. “Queremos agregar serviços ao IPTV, pois entendemos que assim que se oferece velocidade, o usuário vai buscar o que fazer”, afirmou.

Sanfelice aponta como um dos aspectos importantes a serem observados a capacidade de pagamento do consumidor. “O público está acostumado com preços iniciais de 50 reais, intermediário em 75 reais e o máximo de 120 reais. Nossa banda ultralarga de 100 Mbps não é um produto de massa, pois ainda custa 500 reais. Mas já estamos conseguindo elevar o nível de entrada e nossa menor velocidade hoje é de 3 Mbps”.

O conselheiro da Acom, empresa que presta serviços de TV por assinatura e de banda larga com a marca Jet, Miguel Martins, aponta que a tecnologia sem fio é a solução que levará o acesso rápido a regiões mais remotas do País. “Oferecer 100 Mbps pode ser fácil em São Paulo, mas quem fará isso em Teresina, no Piauí? O wireless é essencial nesse papel”, disse o executivo.

Martins declarou que o Brasil precisa de mais concorrência na telefonia, o que ultrapassa o problema de infraestrutura. "O que está parando a banda larga no Brasil? Parece ser questões regulatórias, mas o País precisa encontrar seu próprio modelo de banda larga e não copiar outros países”, completou.

O diretor de produtos e serviços da Net, Márcio Carvalho, é enfático ao dizer que a banda larga brasileira será levada pelo cabo, fibra ótica e wireless. “Acreditamos que a DSL morreu”, declarou.

O executivo da Net reconhece que o fator preço sempre foi e continuará sendo limitador para a adoção da internet em alta velocidade no País. “As pessoas geralmente comparam o preço da internet nos Estados Unidos com o do Brasil simplesmente fazendo a conta do câmbio. Mas a conta é injusta, porque nossos preços são em reais, mas todo nosso equipamento é comprado em dólar, sobre os quais ainda incidem 30% de impostos”, disse.

Carvalho defendeu políticas públicas para desenvolver a banda larga no Brasil a redução tributária e incentivos para a competição em regiões remotas do país. “Quando chegamos em uma nova cidade onde só havia uma operadora, percebemos que, como mágica, o preço dela reduz em até pela metade. Isso mostra que o problema não é estrutura, mas falta de competição”, concluiu.

Fonte: IDG Now!

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