O Observatório Nacional colocará em funcionamento até o final deste ano, em Pernambuco, o programa Impacton, para monitoramento de asteroides e cometas que possam estar em rota de colisão com a Terra.
No Hemisfério Sul, ao contrário do que já ocorre no Hemisfério Norte, nunca foram feitas buscas sistemáticas pelos chamados NEOs ("Near-Earth Objects"), cometas e asteróides em órbitas que possam potencialmente cruzar com a órbita da Terra.
Asteroides perigosos para a Terra
"Existem muitos asteroides que são potencialmente perigosos para a Terra. Eles vivem atravessando a órbita da Terra e, de repente, um deles pode se chocar conosco," explica o astrofísico Carlos Henrique Veiga, responsável pelo Projeto Impacton.
O programa brasileiro de monitoramento de asteroides está sendo instalado na cidade de Itacuruba, em Pernambuco, em uma região conhecida como Sertão do Moxotó. A região foi escolhida por ter o clima seco, com ausência quase total de chuva.
O projeto Impacton está sendo feito em parceria com instituições de pesquisas da França, Itália e Estados Unidos, uma vez que é essencial a troca de informações entre os centros de monitoramento, tanto para acompanhamento e cálculo preciso da trajetória do objeto, quanto para o cálculo dos possíveis locais de impacto.
"Tem que ter um pool de países porque, na hora em que a gente detecta um asteroide desses entrando, a gente tem um sistema que vai alertar o mundo inteiro," diz o pesquisador
Programa brasileiro de monitoramento de asteroides
O objetivo primário do programa brasileiro de monitoramento de asteroides será a identificação de asteroides novos, ainda não descobertos e que apresentem algum potencial de se chocar com a Terra.
O telescópio usado no Impacton foi importado da Alemanha. O equipamento possui um espelho de um metro de diâmetro e será totalmente automatizado e operado a distância, a partir do centro de controle do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro. Ele será instalado dentro de uma cúpula de 7 metros de diâmetro, importada da Austrália.
Devido à operação totalmente remota do telescópio, a câmera responsável pela captação das imagens dos asteroides possui um sistema de resfriamento termoelétrico, feito por placas Peltier, que permite que o sensor CCD da câmera opere a -70º C, reduzindo o "ruído" eletrônico e melhorando a qualidade das imagens captadas.
A câmera digital é acoplada a uma roda de filtros, que permitirá realizar as observações dos objetos e a posterior determinação de suas órbitas e das suas propriedades rotacionais e superficiais.
Mini estação meteorológica
A estação de observação conta ainda com uma mini estação meteorológica, um equipamento fundamental para a operação remota do telescópio.
A estação meteorológica possui sensores para monitorar as condições de temperatura, umidade e cobertura de nuvens do local. Essas informações serão transmitidas em tempo real para os pesquisadores do Observatório Nacional, que poderão iniciar ou interromper as observações quando o tempo mudar.
O que fazer no caso de um impacto?
Recentemente a NASA definiu que, caso um objeto aproxime-se em rota de colisão com a Terra, a melhor defesa seria usar um raio-trator gravitacional.
O problema é que não existe um aparato desses pronto, que possa ser usado caso o alarme seja dado nos próximos anos.
Caso isso ocorra, o professor Veiga acredita que a melhor saída seria a evacuação da população no local previsto para o impacto, "porque a gente não tem arma nuclear suficiente para destruir um grande asteroide de 20 quilômetros de diâmetro. Então, a gente calcula onde ele vai bater e tira todo mundo dali," resume ele.
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