terça-feira, 4 de agosto de 2009

Radiação misteriosa na Via Láctea não é gerada pela matéria escura

Uma equipe de pesquisadores, trabalhando com os dados do Observatório Integral, um telescópio que enxerga as emissões de raios gama do Universo, encontrou evidências que negam totalmente as teorias que afirmam que uma misteriosa radiação observada na Via Láctea teria origem em alguma forma de matéria escura.

Observatório Integral

Essa radiação foi detectada pela primeira vez no início dos anos 1970, e várias teorias têm sido propostas para explicá-la. O Observatório Integral (INTErnational Gamma Ray Astrophysics Laboratory), lançado em 2002, com sua resolução espectral e espacial sem precedentes, revelou que a radiação possui fortes picos na direção do centro da galáxia, sendo assimétrica ao longo do disco da Via Láctea.

Alguns pesquisadores idealizaram uma variedade de matéria escura para explicar os dados coletados pelo Integral. Acredita-se que a matéria escura exista por todo o Universo, embora não possa ser detectada diretamente, como a matéria ordinária que forma os planetas e as estrelas. Na Via Láctea, essa matéria escura formaria um halo ao redor da galáxia.

Partículas de antimatéria

Agora, os pesquisadores verificaram que os pósitrons - partículas de antimatéria equivalentes aos elétrons - que alimentam essa radiação não são produzidos pela matéria escura, mas por uma fonte muito diferente e muito menos misteriosa: esses pósitrons são gerados pelo decaimento de elementos radioativos produzidos pela explosão de estrelas gigantes.

O raciocínio por trás da hipótese original - de que a radiação seria produzida pela matéria escura - é de que os pósitrons, sendo carregados eletricamente, seriam afetados por campos magnéticos e não seriam capazes de viajar por longas distâncias. Como a radiação foi observada em locais que não coincidem com a distribuição conhecida de estrelas, a matéria escura foi invocada como uma alternativa para a origem dos pósitrons.

Pósitrons viajantes

Mas Richard Lingenfelter e seus colegas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, provaram o contrário. O grupo de astrônomos demonstrou que os pósitrons são formados pelo decaimento radioativo de elementos resultantes de explosões de estrelas maciças e, de fato, são capazes de viajar longas distâncias, muitos deles indo além do fino disco galáctico.

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