sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Brasil vai construir reator nuclear para aplicações medicinais

O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o governo de São Paulo construirão, em parceria, um reator nuclear destinado à pesquisa e à produção de radioisótopos, elementos utilizados em várias áreas de saúde, como a medicina nuclear.

O anúncio da construção do reator nacional, chamado Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), foi feito pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende e pelo secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Geraldo Alckmin, durante a cerimônia comemorativa de 53 anos de fundação do Instituto de Pesquisas sobre Energia Nuclear (Ipen/MCT) e de 50 anos da radiofarmácia.

Energia nuclear medicinal

Quando estiver em operação o reator garantirá autonomia na produção de molibdênio, substância que serve de matéria-prima para a fabricação dos geradores de tecnécio, utilizados em mais de 80% dos procedimentos de medicina nuclear.

Atualmente, apenas quatro reatores no mundo produzem, em escala comercial, o molibdênio. A parada de dois deles, por motivos técnicos, afetou a medicina nuclear mundialmente.

Depois de iniciada a construção do reator, que vai exigir investimentos da ordem de US$ 500 milhões, serão necessários seis anos para a conclusão do empreendimento. O Ipen e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen/MCT) já têm prontos os estudos técnicos sobre o projeto. O governo paulista está analisando a destinação da área para a implantação do reator.

Produção nacional de medicamentos radioativos

O secretário Geraldo Alckmin falou da importância do projeto para o País e para a medicina nuclear, especialmente, para a produção de radioisótopos. "A medicina nuclear receberá um impulso ainda maior nos próximos anos, tornando-se uma aliada ainda mais importante para o aumento da expectativa de vida da população", disse.

Já o superintendente do Ipen, Nilson Dias Vieira Júnior, elogiou a parceria do governo estadual com o MCT para o projeto do RMB. Em seu discurso, ele lembrou que uma das primeiras aplicações nucleares foi à produção de iodo-131 como radiofármaco, o que permitiu estabelecer a medicina nuclear brasileira, e com ela uma parceria com a classe médica e com a sociedade.

Transporte subterrâneo de materiais radioativos

Os discursos foram feitos durante a inauguração das instalações de transferência e transporte de radioisótopos dos aceleradores de partículas cíclotron e do reator nuclear de pesquisas IEA-R1 para a área de radiofarmácia do Ipen.

Antes da construção do novo sistema pneumático de envio, via tubulações subterrâneas, os materiais eram transportados em blindagens do reator nuclear de pesquisas IEA-R1 e dos aceleradores de partículas cíclotron até o prédio da radiofarmácia, onde os produtos são processados e enviados para os mais de 300 centros médicos que utilizam os radiofármacos no País.

O diretor do Ipen, Jair Mengatti, explica que além de se eliminar as blindagens, que chegavam a pesar até 700 kg, o sistema é mais rápido, mais seguro e os produtos seguem diretamente para as células onde serão processados.

O que é o Ipen?

O Ipen é uma autarquia do Governo do Estado de São Paulo, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento. É gerenciado técnica, administrativa e financeiramente pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN/MCT) e associado para fins de ensino de pós-graduação à Universidade de São Paulo.

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