quarta-feira, 15 de julho de 2009

Pesquisadores relatam novos avanços na 'ciência da azaração'

Há muito tempo, cientistas observam que as mulheres tendem a ser mais seletivas que os homens na hora de escolher um parceiro. A explicação mais comum é evolucionária: o fato de que elas investem mais no processo reprodutivo – são as mulheres que passam pela gravidez, parto e amamentação – faz com que elas evitem escolher um perdedor como pai.

Nos últimos anos, o surgimento do "speed dating", em que as pessoas têm conversas-relâmpago com potenciais parceiros, tem dado a psicólogos, economistas e cientistas políticos novas formas de testar essa e outras hipóteses sobre o acasalamento. Pelo fato de que os participantes podem ser designados aleatoriamente a grupos e não terem nenhuma informação prévia sobre outros participantes, sessões rápidas de paquera de três minutos estão quase tão próximas de um experimento controlado quanto os pesquisadores podem obter.

Agora, dois cientistas da Northwestern University publicaram um experimento que desafia a hipótese evolucionária. O estudo, realizado por Eli J. Finkel e Paul W. Eastwick, foi publicado no mês passado no jornal "Psychological Science". O experimento observou sessões de paqueras rápidas para determinar quem era mais seletivo, os homens ou as mulheres. A resposta, descobriu-se, é nenhum dos dois. Independente do gênero, as pessoas que foram instruídas a abordar outros parceiros foram menos seletivas – isto é, eles tiveram maior probabilidade de pedir outro encontro mais tarde.

Finkel e Eastwick escrevem que isso não significa que os homens foram tão seletivos quanto as mulheres. No entanto, os cientistas sugerem que a explicação para essa diferença reside no condicionamento social, em vez da evolução.

Primeiro passo
Ao tomar o primeiro passo, uma pessoa ganha confiança e depois acha mais pessoas atraentes, diz a teoria. Culturalmente, espera-se que os homens abordem as mulheres com mais frequência, o que pode turbinar sua confiança e torná-los menos seletivos. Citando o que os psicólogos chamam de princípio da escassez, Eastwick e Finkel escrevem que "os indivíduos tendem a valorizar menos objetos ou oportunidades que são abundantes em relação aos que não são." Em contraste, dizem eles, as mulheres estão acostumadas a serem abordadas, o que pode fazê-las se sentirem mais desejáveis, portanto mais seletivas.

Os cientistas também usaram experimentos de paqueras rápidas para examinar a tendência das pessoas em namorar indivíduos parecidos com elas próprias. Um artigo de 2006, escrito por economistas da University of Essex, na Inglaterra, analisaram dados de 3.600 homens e mulheres que participavam de paqueras rápidas, a fim de verificar se as pessoas selecionavam parceiros com características similares, como altura e nível de instrução – porque preferiam ou porque elas são mais prováveis de serem encontradas no "mercado da paquera". Os economistas, Michele Belot e Marco Francesconi, descobriram que as preferências masculinas por profissão, altura e tabagismo tiveram pouco efeito sobre quem eles escolhiam para um encontro. Esses fatores também não importavam para as mulheres, mas a idade, sim.

Em ambientes homogêneos, escreveram Belot e Francesconi, as pessoas têm uma tendência maior de se casar com parceiros como elas próprias, enquanto em comunidades mais diversificadas eles tendem a produzir casais mais variados. "O acasalamento exige encontros", escreveram eles. "O grupo de parceiros em potencial molda o tipo de pessoa para quem os participantes propõem um encontro e, definitivamente, com quem formam relações de longo prazo".

Aumentando as chances
As pessoas restringem suas oportunidades de mercado, sugerem os economistas, ao selecionar altura, peso e idade, que tendem a indicar status sócio-econômico. Então, como uma pessoa aumenta as chances de cruzar com alguém que se encaixa em suas preferências? Talvez entrando em redes sociais. No livro "Connected: The Surprising Power of Our Social Networks and How They Shape Our Lives", publicado em setembro, Dr. Nicholas A. Christakis, da Faculdade de Medicina de Harvard, e James H. Fowler, cientista político da Universidade da Califórnia, em San Diego, argumentam que o namoro não é um processo aleatório.

Eles desenvolveram uma pesquisa referencial, realizada em 1992, em Chicago, envolvendo 3.432 pessoas entre 18 e 59 anos. A pesquisa descobriu que 68% das pessoas casadas entrevistadas relataram terem encontrado seu parceiro através de um amigo, familiar ou outro conhecido em comum.

"Se você é solteiro e conhece razoavelmente bem vinte pessoas, e se cada pessoa conhece outras vinte, e cada uma delas conhece mais vinte", escrevem Christakis e Fowler, "você está conectado a 8 mil pessoas em apenas três graus. Uma delas provavelmente será seu futuro parceiro".

Fonte: G1

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