Os pesquisadores estão usando supercomputadores e programas especiais de varredura para analisar os genomas ligados às gripes que se espalharam pelo mundo ao longo dos últimos 40 anos.
Os resultados terão implicações para a prontidão da saúde pública global, permitindo que os laboratórios se preparem com as vacinas adequadas a tempo de evitar grandes surtos.
Prevendo mutações futuras
O estudo está permitindo um novo olhar para as mutações dos vírus.
Rastrear mutações isoladas nem sempre é suficiente para entender como o vírus da gripe evolui.
Ao catalogar pares de mudanças genéticas que ocorreram em rápida sucessão, os cientistas descobrem mutações em um dos elementos do par que servem como indicação das mutações que irão ocorrer nos outros.
"Às vezes uma mutação é adaptativa ou funcional somente se ela estiver no contexto de uma certa bagagem genética - isto é, se a proteína já tem alguma outra mutação," explica o Dr. Joshua Plotkin, coautor da pesquisa.
A influência que essas combinações têm sobre a capacidade adaptativa de um organismo é conhecida como epistasia.
"Se você vê uma mutação ocorrer em um Ponto A e, em seguida, vê uma mutação no Ponto B, e esse padrão se repetir, então você tem uma indicação de que A e B se influenciam epistaticamente," disse Plotkin.
"A primeira mutação pode ser inútil isoladamente, mas pode ser uma condição prévia para uma segunda mutação útil [para o organismo]. A primeira mutação é como dar-lhe um prego, e a segunda é como dar-lhe um martelo," explica.
Com isto torna-se possível prever uma mutação antes que ela ocorra de fato, analisando as pré-condições de mutações que ocorreram de fato ao longo das décadas e que beneficiaram os vírus, permitindo que eles atacassem os seres humanos.
Antecipando-se às mutações
Como as mutações geralmente afetam as proteínas superficiais que determinam se o vírus pode entrar e infectar as células humanas, prever quais mutações são mais susceptíveis de ocorrer no futuro próximo tem grandes implicações para a saúde pública.
A produção de vacinas contra a gripe é trabalhosa e demorada, e só pode começar quando há material genético suficiente para isso, ou seja, quando um grande número de pessoas já foram infectadas e não puderam contar com nenhum tratamento ou prevenção.
Com o rastreamento das mutações genéticas dos vírus os cientistas poderão, no futuro, se antecipar à própria mutação, fabricando as vacinas antes que as primeiras pessoas comecem a adoecer.
* Evolução forçada: Mutações induzidas poderiam matar os vírus?
Fonte: Redação do Diário da Saúde
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